Sempre que a inflação excede 4% e o desemprego vai abaixo de 5%, a economia dos EUA entra em recessão dentro de dois anos.
Petróleo perto de US$ 130: pesadelo para a inflação
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O mercado de petróleo está sob forte pressão graças à demanda em alta e à oferta em baixa. A OPEP+ não pode ou não quer cumprir as suas próprias metas de produção, insistindo em limitar os aumentos a 400.000 barris por dia, mesmo com a alta dos preços. Ademais, os produtores nos EUA também não podem ou não querem aumentar a oferta de petróleo no país.
A inflação é o temor número um do mercado, e todo o mundo tem motivos para preocupar-se. A inflação nos EUA chegou a 7,5%; uma máxima de 40 anos. A inflação na zona do euro chegou a 5,8%; nova máxima de sempre. Não é tão diferente a situação no Reino Unido: inflação a 5,5%; o maior patamar em 30 anos.
A guerra entre a Rússia e a Ucrânia só piora a situação. Se a oferta de petróleo e gás da Rússia for suspensa pelas sanções ou como resposta do Kremlin a estas sanções, os preços podem disparar mesmo antes de ser percebido o impacto de fato de uma eventual retirada do petróleo russo do mercado.
Petróleo bruto dispara a US$ 130 o barril
Ainda que as sanções impostas pelo Ocidente por ora não tenham atingido as exportações russas de recursos energéticos, as mercadorias do país já são desinteressantes para a maioria dos traders, seguradoras e proprietárias de petroleiros após o arranque da incursão russa na Ucrânia. Algumas refinarias e alguns traders estão preocupados com o funcionamento das transações após a retirada de bancos russos do sistema SWIFT. Outros estão de saída do mercado local para evitar uma perda de reputação.
Até aonde vai a alta do petróleo?
O JPMorgan acredita que 66% do petróleo russo terão dificuldade para achar um comprador. O banco projeta o barril a US$ 185 até o fim do ano se este estoque de petróleo continuar sem compradores. Se o setor energético russo for alvo de sanções ou se a Alemanha suspender de vez o gasoduto Nord Stream 2, e se os EUA não chegarem a um acordo com o Irã na questão nuclear, a oferta global de petróleo bruto pode encolher em todos os casos. Juntos, estes fatores vão levantar mais ainda os preços.
Como fica a inflação com o petróleo acima de US$ 125?
Se os preços da energia subirem, a inflação vai ser a primeira a sentir o efeito. Isto terá consequências fatais para a Rússia, mas também aumentará as pressões do custo de vida no Ocidente.
Mesmo antes de os preços do petróleo passarem dos US$ 110 o barril, os analistas já estavam a rebaixar as previsões do crescimento e aumentar as estimativas da inflação. Se o setor energético russo for incluído na lista de alvos das sanções, petróleo e gás ficarão mais caros por mais tempo. A pressão sobre os consumidores vai aumentar se o petróleo chegar a US$ 150 e permanecer acima de US$ 100 até a primeira parte de 2023. A economia e as empresas serão duramente atingidas, pois a alta dos custos de energia e a queda da demanda vão comprometer as margens de lucro. Isto vai aumentar o risco de a desaceleração económica tornar-se recessão com alta da inflação em escala mundial.
Aonde vai a inflação nos EUA?
Ainda não é conhecida a reação da economia americana ao choque que fez o petróleo passar de US$ 125 o barril.
A economia dos EUA consegue absorver seis meses de petróleo a US$ 100, em média, mas isto pode agravar o problema da inflação. Se o petróleo se firmar em torno de US$ 125, é quase certo que isto vai interromper o crescimento e aumentar o desemprego, podendo gerar uma recessão. Em causa também está a resposta dos bancos centrais à alta do petróleo. Jerome Powell, diretor do Federal Reserve, disse que a situação na Ucrânia não vai interromper os planos do banco central americano de dar início à alta dos juros. Resta esclarecer o alcance e a rapidez da alta dos juros.
O impacto económico da invasão na Ucrânia virá na forma de desaceleração da economia americana e alta da inflação. Já a economia europeia pode acabar a entrar numa recessão. A Rússia mergulhará numa profunda recessão de dois dígitos.
O índice do dólar americano chegou a 99,00. Por ora, o dólar surfa na demanda por ativos de refúgio, com suporte a 97,50.
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