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Irá o dólar dos EUA perder a dominância global?
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A credibilidade do dólar americano e do seu sistema financeiro depende da sua fama de segurança e baixo risco. É por isto que muitos países mantêm as suas reservas em bancos americanos e guardam altos volumes de títulos americanos. Se, porém, a credibilidade do dólar for arruinada por causas políticas, este sistema financeiro e monetário internacional pode começar a ruir.
O congelamento da maior parte das reservas cambiais da Rússia feito pelos EUA e seus aliados ocidentais alimentou temores de que a hegemonia dólar americano esteja a ser utilizada como arma.
Porque está em risco o dólar dos EUA?
- Este tipo de abuso da dominância do dólar seria um tiro pela culatra para a moeda dos EUA. Quanto mais os EUA usarem o dólar como arma, mais medo terá a comunidade internacional de ser atingida por esta arma no futuro. Isto fará a economia global reconsiderar a sua dependência do dólar nas reservas de câmbio estrangeiro.
- O Goldman Sachs alertou que o dólar corre risco de perder a sua hegemonia global, afirmando que alguns dos desafios são semelhantes àqueles enfrentados pela libra esterlina antes desta perder o trono do câmbio internacional. Há de se lembrar que, no passado, a libra era a maior moeda de reserva do mundo.
- As sanções brutais contra a Rússia fundamentam-se no poder do dólar dos EUA, a moeda mais utilizada no comércio, nas transações financeiras e nas reservas dos bancos centrais. Contudo, com o uso explícito do dólar como arma, os EUA e os seus aliados arriscam provocar um efeito contrário capaz de comprometer a sua moeda.
- A participação do dólar nas reservas dos bancos centrais tem caído nos últimos anos. Em 2001, a moeda americana respondia por 70% das reservas cambiais. Esta participação agora é de 59%, segundo dados do FMI.
Mas porque não irá o dólar perder tão cedo a sua dominância?
Não há alternativa ou competição à altura. O dólar é a moeda de reserva mais forte do mundo. Podemos dizer que o dólar perdeu valor com a insana impressão de dinheiro dos últimos três anos e o aquecimento da inflação. Podemos dizer que a confiança mundial nos EUA como forte parceiro é cada vez menor. Mas há de se ter uma opção ao câmbio em dólar. Conforme a história, moedas de reserva perdem o trono quando surge uma concorrente mais interessante. A China, atual potência emergente, por ora não deu motivos dignos da confiança da economia global.
Poderá outra moeda substituir o dólar?
O euro é a principal alternativa ao dólar e representa 20% das reservas dos bancos centrais. Mesmo assim, devemos ter em atenção a migração para moedas de segundo escalão, como o dólar australiano, o won coreano e, sobretudo, o renminbi chinês.
Neste momento, o índice do dólar ainda tem condições de subir após o teste de patamares acima de 100. Pelo lado de cima, a próxima grande meta encontra-se a 103,00. Ademais, o agressivo ciclo contracionista do Fed também há de dar força ao dólar a médio e longo prazo.
Gráfico 1: índice do dólar em alta desde o arranque do conflito Rússia-Ucrânia, em 24/02/2022, passando de 99,80.
Gráfico 2: próxima meta do índice do dólar, a 103, nível visto pela última vez em 2020.
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