Bill Williams é o criador de alguns dos indicadores de mercado mais populares: Awesome Oscillator, Fractals, Alligator e Gator.
Como evitar a inflação: 7 dicas de proteção contra a inflação
Informação não é consultoria em investimentos
A inflação não vem do nada. Sempre há motivo para que ocorra. Ademais, a inflação frequentemente é causada por erro ou viés humano. O que pode-se fazer é preparar-se e suportar os riscos e consequências da inflação. Este curso intensivo trata dos motivos da inflação e de formas para se proteger dela.
O que é inflação?
A inflação mede a alta dos preços de bens e serviços na economia. Quando a inflação vem, ela encarece necessidades como alimentos. Na maioria das vezes, a inflação prejudica a economia e piora a situação das pessoas. Mas de onde ela vem?
Vários fatores podem levantar os preços — a inflação — na economia. A inflação é tipicamente consequência de uma alta nos custos de produção ou na demanda por produtos e serviços. Outro sinal de inflação pode ser a alta dos preços das commodities, como petróleo e metais. Todavia, muitos pesquisadores rejeitam a correlação. Veja nosso artigo sobre a relação entre o petróleo e os preços para entender melhor esta questão.
Um dos principais fatores (drivers) que estimulam a inflação são os chamados Cisnes Negros, acontecimentos improváveis com impacto extremamente forte na economia. Podem ser guerras, desastres naturais ou pandemias, como no arranque de 2020. Os Cisnes Negros desorganizam as cadeias de abastecimento, gerando escassez nas prateleiras e provocando a alta dos preços. Após o arranque da Covid-19, o Federal Reserve (banco central dos EUA) imprimiu mais de 8 biliões de dólares em menos de dois anos, pondo o mundo à beira de uma crise económica que deve começar em menos de um ano.
Fonte: Bloomberg
A inflação reduz o poder de compra da moeda graças à alta dos preços. Uma das reações previsíveis a esta queda no poder de compra é o raciocínio “melhor comprar já do que depois”. O dinheiro só vai perder valor, então é melhor fazer já a lista de compras e estocar aquilo que provavelmente não vai perder valor. Para a população, isto significa comprar mais hoje e menos amanhã. Para as empresas, significa fazer investimentos que possam render bem mais no futuro. Vejamos as formas possíveis de fugir da inflação.
Como se proteger da inflação?
Há várias formas de tirar proveito da alta dos preços. Mostraremos cada uma.
Títulos de curto prazo
Estes instrumentos têm muito em comum com os títulos do mercado monetário, então convém começar por eles. Títulos do mercado monetário são títulos da dívida de curto prazo (Treasuries nos EUA) e outros investimentos de rendimento não variável e de curto ou curtíssimo prazo. Os investidores consideram este grupo como o mais seguro por conta da alta liquidez e da baixa volatilidade. Para esclarecer, vamos a outra explicação. Os títulos são emitidos por governos ou empresas para arrecadar dinheiro para projetos e atividades. Têm risco mais baixo, se comparados à bolsa, mas o seu rendimento é menor.
E os títulos de curto prazo? Também são emitidos pelo governo ou por empresas e o seu rendimento é menor que o dos títulos longo prazo. Contudo, os títulos de longo prazo tendem a perder a sua eficácia com a chegada da inflação alta, pois o aumento dos preços diminui o valor obtido. Exemplo: tem um título de longo prazo que rende 100 dólares por ano. Com 10% de inflação, estará a comprar 10% menos a cada ano, sem poder fazer nada a respeito. Os títulos de curto prazo são mais resistentes à inflação porque expiram mais rápido. Mesmo assim, não recomendamos se proteger da inflação com títulos porque estes muitas vezes dão rendimentos anuais negativos em cenários de alta inflação.
Bolsa: proteção de longo prazo contra a inflação
O próximo item da lista é a bolsa (ações). Se o mercado de títulos pode parecer complicado, a bolsa tem força suficiente para salvar a si da inflação. A bolsa historicamente rende acima da inflação no longo prazo (10 anos ou mais).
Observe que a bolsa americana registou o seu maior rendimento total nos últimos dez anos. Concordamos com a estimativa acima: estatisticamente, a bolsa vai bem. Se quiser proteger o seu dinheiro da inflação, invista em ações. Sugerimos procurar por empresas sempre bem-vistas no mercado, a exemplo das que lidam com retalho e extração de matérias-primas e dos bancos. Com a FBS, pode investir na Alcoa (ALCOA), 3M (MMM), McDonald's (MCDONALDS), JPMorgan (JPM) e várias outras empresas. Consulte a lista completa na página de negociação de ações.
Ouro em tempos de inflação de longo prazo
O ouro é um ativo de refúgio — as pessoas confiam nele. Os motivos desta confiança fazem sentido: existe uma quantidade limitada de ouro no planeta, ao passo que a quantidade de dinheiro é ilimitada. É este o motivo da constante valorização do ouro. Assim se mede a inflação: a depreciação do dinheiro significa que pode comprar cada vez menos com uma mesma quantia. Compare esta dinâmica com a do ouro, cuja oferta não cresce à mesma velocidade.
O preço do ouro geralmente sobe com a inflação, então ele é um dos melhores ativos para si em tempos de alta dos preços. Observe, porém, que o ouro não sobe no mesmo tempo que a inflação: como há uma desfasagem entre um e outro, o ouro é uma proteção eficiente contra a inflação no longo prazo.
Títulos indexados à inflação (TIPS)
Os TIPS (treasury inflation-protected securities) são uma modalidade de título do Tesouro americano emitido pelo governo dos EUA. Os TIPS são indexados à inflação para proteger os investidores de uma queda no poder de compra do seu dinheiro. Basicamente, são títulos (obrigações) que acompanham a subida da inflação e cujo rendimento acompanha a variação do valor principal (inicial) destes títulos.
Os TIPS pagam os seus rendimentos duas vezes por ano e podem ser adquiridos em bancos. Ademais, é possível optar por manter os TIPS até a maturidade (encerramento) ou vendê-los antecipadamente — os EUA emitem TIPS com prazos de 5 a 30 anos. Vejamos os rendimentos de títulos indexados à inflação.
Até os TIPS sofrem com a alta dos preços. O gráfico anda a registar queda há quase um ano. Não recomendamos buscar proteção contra a inflação neste ativo.
Commodities
Já falamos do ouro neste artigo, então vamos nos concentrar em outra commodity também importante: o petróleo. Aumentos nos preços do petróleo costumam rebaixar as projeções do crescimento económico e aumentar as expetativas da inflação em horizontes menores. Perspetivas mais contidas de crescimento económico, por sua vez, rebaixam as projeções de lucro das empresas, arrefecendo as cotações na bolsa. Mas isto é teoria.
Não existe prova definitiva de que a alta dos preços é um fator altista para o petróleo. Abordamos esta questão no artigo Petróleo pode chegar a US$ 100: o que isso significa para o mercado e a inflação? Não deixe de conferir!
O petróleo reage à relação oferta-demanda, a problemas de logística e ao ritmo de crescimento económico. Pode ser uma boa escolha para quem busca proteger o seu dinheiro, mas só quando a economia vai bem. A alta dos preços, por si só, não levanta o XBRUSD ou o XTIUSD. Por outro lado, a alta do consumo estimula o petróleo. É recomendável investir no petróleo quando a economia sai de uma recessão.
Criptomoedas
As criptomoedas são bem voláteis e as suas correlações com diversos ativos mudam frequentemente. Ainda assim, algumas criptomoedas podem servir como proteção contra a inflação, mas é necessário escolher com sabedoria. As criptomoedas mais adequadas à proteção contra a inflação são aquelas cuja própria inflação é controlável. Exemplo. O Bitcoin tem uma inflação anual de 1,25% que vai diminuir com o tempo. O Ethereum tem uma inflação menos controlável por causa da natureza desta criptomoeda. Todavia, o Ethereum é em boa parte do tempo um ativo deflacionário, ou seja, a oferta da moeda diminui.
O mercado cripto é relativamente jovem e ainda não passou por grandes crises económicas. Este ano vai mostrar as oportunidades oferecidas pelas criptos.
Empréstimos alavancados
Empréstimo alavancado é um tipo de empréstimo feito a empresas ou pessoas que já apresentam considerável endividamento. É como a alavancagem de uma corretora Forex, mas na vida real. Com a alta dos juros, mais investidores estão a migrar para o mercado de empréstimos alavancados. US$ 27,8 mil milhões saíram da bolsa em 2020, enquanto US$ 13,1 mil milhões regressaram ao mercado de empréstimos alavancados no primeiro trimestre de 2021.
Os empréstimos alavancados podem oferecer uma defesa contra a inflação porque têm correlação negativa com os títulos do Tesouro americano (Treasuries) de 5 e 10 anos. Logo, ficam mais baratos quando o mercado precifica a recessão. É possível tomar um empréstimo alavancado enquanto ele está barato e investir o dinheiro no seu ativo de refúgio predileto (exemplo: ouro). Por favor, pense duas vezes antes de entrar no mundo dos empréstimos alavancados, pois estes são instrumentos arriscados.
Principais perguntas sobre os ativos de melhor desempenho em tempos de inflação
O ouro é uma boa proteção contra a inflação?
O ouro tende a subir quando o dólar está a cair. O USD perde força em meio à inflação alta. Logo, o ouro pode ser uma proteção contra os preços em alta.
As ações protegem o investidor da inflação?
As ações são mais voláteis que o ouro, e alguns sectores da bolsa (ex.: sector tecnológico) sofrem com a inflação. Por outro lado, os bancos e o sector retalhista sentem-se bem e podem disparar com os preços.
O Bitcoin é uma proteção contra a inflação?
O mercado cripto é relativamente jovem e ainda não passou por grandes crises económicas. Contudo, o Bitcoin é uma cripto com inflação controlável. Não está exposta a altas bruscas na oferta e pode ser usada como proteção contra a inflação.
O que acontece ao dinheiro durante a inflação?
Geralmente, o dinheiro fica mais barato durante a inflação. O motivo disto é a natureza da inflação, oriunda de vários fatores, inclusive a impressão descontrolada de dinheiro.
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